terça-feira, 1 de setembro de 2009

Um conjunto de traços marca as relações humanas e seu olhar sobre o mundo na segunda metade do século XIX. Esses traços estabelecem um novo panorama na cultura ocidental.
Nesse quadro, diluem-se os suportes do Romantismo e desenvolvem-se as raízes do movimento realista. A busca de objetividade dá-se em decorrência do espírito cientificista que domina as décadas finais do século XIX. Na visão cientificista, predomina a concepção materialista do mundo e, segundo ela, o universo, a natureza e os homens estão presos a leis e princípios, dentro dos quais passam por um processo constantemente evolutivo. Não há mais lugar para a transcendência e se impõe o determinismo que explica os fatos da vida como resultantes de circunstâncias exteriores.
Também no Brasil aquele período registra profundas mudanças. Alfredo Bosi ensina: “[...] a partir da extinção do tráfico, em 1850, acelerara-se a decadência da economia açucareira; o deslocar-se do eixo de prestígio para o Sul e os anseios das classes médias urbanas compunham um quadro novo para a nação, propício ao fermento de idéias liberais, abolicionistas e republicanas.”
A literatura da época vincula-se àquelas características. Repudiando os mitos do autor romântico, encontra-se, no plano da poesia e da narrativa “um esforço para acercar-se impessoalmente dos objetos, das pessoas” . O escritor realista, afastando-se do ideário romântico, propõe a aceitação da vida como ela é. Assim, distancia-se do subjetivismo e busca no determinismo a explicação para o mundo real. Em substituição à espiritualidade romântica, vê na religião da forma um sentido para sua arte e sua existência.
Domício Proença Filho lembra que os escritores realistas assumiram as novas concepções e buscavam a verdade “através da observação e na análise da realidade”. Pretendendo desenvolver uma interpretação da vida, o autor realista opta pela narrativa. Os personagens são desenvolvidos como resultado da observação e aparecem “como tipos concretos, vivos”. Enquanto o Romantismo se volta para o passado ou o futuro (idealizados), o Realismo denuncia as desigualdades sociais de sua época.
“O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito.”

Ass.: Giulia

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