terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre o Realismo


O realismo é uma posição, na filosofia, que pertence ao campo da epistemologia ou teoria do conhecimento (não deve ser confundido com o fundacionalismo, que tem a ver com ele, sim, mas que já é uma posição no campo da metafísica). Diz respeito à capacidade que a linguagem (ou o pensamento) possui de representar o mundo. Alguns tomam a linguagem como algo que se contrapõe ao mundo, e que pode fazer um mapa do mundo. Um tal mapa teria termos no mundo que corresponderiam a elementos no mundo. Nesta concepção, há uma fidedignidade em tal representação e, assim, a linguagem seria capaz não só de reproduzir o mundo como reproduzi-lo "como ele é".Há, entre várias nuances, duas posições contrárias: 1) a dos idealistas, que dizem que a linguagem poderia captar o mundo se o mundo fosse da mesma natureza que a linguagem - se é, então está feita a correspondência (aí temos o realismo representacionista); se não é, ou se não é possível fazer uma checagem termo a termo, a linguagem não captaria o "mundo como ele é". Ela captaria o mundo segundo o que a linguagem pode falar dele (o idealismo não representacionista); 2) a dos pragmatistas, que dizem que tudo isso é um pseudo-problema, que reside no fato de tratarmos o assunto de modo epistemológico. Se o tratarmos de modo semântico, se percebermos aquilo que Davidson disse, que a semântica nada mais é que epistemologia no espelho do significado, então veremos que as várias teorias do significado não referencialistas tentam nos ensinar que não conseguimos ligar elementos da linguagem e elementos do mundo, sejam eles o que forem, de modo a forjar uma representação e, assim, sustentarmos uma teoria correspondendista de verdade. Assim, para sair disso que seria um pseudo problema, o melhor é nos tornarmos anti-representacionalistas. A linguagem, neste caso, para os pragmatistas, não tem funçãoo representativa, mas tem a função de fazer uma articulação (que os velhos pragmatistas chamariam de experiência ou parte da experiência) entre organismo e meio. O bípede sem penas tem a linguagem para lidar com o mundo (cope with) como a formiga tem antenas o alce chifres e o tamanduá línguas e um bom par de unhas abrançantes. Essa última posição é radicalizada por vários pragmatistas, sendo que Rorty é o principal deles.

Ass.: Giulia Nº11

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